Introdução
Como você reage ao mundo? Já parou para refletir sobre esta realidade em sua vida?
É inevitável que a nossa mente recorra ao Sistema 1 quando há quebra de expectativas, planejamentos ou qualquer outro tipo de acontecimento inesperado que ocorra em nossa vida. Daniel Kahneman em seu livro Rápido e Devagar nos explica que nossa mente é dividida em 2 sistemas de pensamento, enquanto o Sistema 1 é rápido, automático e guiado pela intuição e reações emocionais, o Sistema 2 é mais lento, deliberado e exige maior custo cognitivo e esforço racional — O Sistema 1 domina a maior parte do tempo em nossas decisões, influenciando-nos mesmo quando acreditamos estar sendo racionais — e é justamente aí que surgem os viéses cognitivos e erros de julgamento.
É por isto que na grande maioria das vezes, principalmente quando não estamos preparados, reagimos com grande ansiedade às adversidades da nossa vida:
- Medo repentino: Como reagir a um barulho estranho à noite ou a uma situação de perigo;
- Raiva impulsiva: Responder com agressividade a uma provocação ou injustiça percebida;
- Fuga instintiva: Evitar uma conversa desconfortável ou adiar enfrentar um problema;
- Ansiedade automática: Aquela sensação que surge antes mesmo de você saber exatamente o motivo;
- Tomada de decisão por impulso: Como comprar algo sem pensar ou falar algo sem refletir.
É por isto que pensei em organizar os pensamentos aqui sobre tudo que aprendi até hoje, pois acho que o ciclo entre corpo, alma e espírito se fecha bem coeso neste conteúdo.
Encorajo que explorem com mais detalhes cada um dos temas que vou trazer aqui. O conteúdo terá serventia, mas os detalhes de cada um deles vai enriquecer o potencial da sua caminhada.
Mundo Externo x Interno
Quantas vezes você já se viu numa situação de conciliação impossível? Uma discussão com tons elevados com alguém, com seus pais, irmãos, amigos, com sua namorada, namorado, esposa ou marido. Realidades confundidas constantemente com o que deveria ser considerado apenas como simples pontos de vista. Ideias que quando conflitantes, evocam a ira, o descontrole, a impaciência e ações tão irracionais que nos passamos por meros animais irracionais, mesmo que por um breve momento — agindo por puro instinto (Sistema 1). Já passou a evitar debates que você sabe que deveria ter, mas que por conta das pessoas envolvidas — muito queridas e amadas — foi preferido evitar justamente por causa do medo (Sistema 1) de provocar desgastes na relação?
Sabe qual o valor de uma divergência para Deus? MUITO CARO. Elas existem e devem continuar existindo para que a busca pela Verdade não seja interrompida. Quando paramos de discutir e trabalhar nossas divergências, caímos na perdição da relatividade, por isto devemos olhar para as divergências com coragem e entender que esta situação é o principal combustível para caminharmos juntos na direção da Verdade.
“Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro.” (Provérbios 27:17)
Essa metáfora sugere que o confronto saudável de ideias — como o atrito entre ferros — pode gerar crescimento mútuo. O versículo não fala diretamente sobre divergência, mas implica que o diálogo entre pessoas pode ser instrumento de refinamento espiritual e intelectual.
“Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo.” (Efésios 4:15)
Aqui, o apóstolo Paulo nos convida a buscar a verdade com amor — o que pressupõe abertura ao diálogo, escuta e correção mútua.
“Examinai tudo. Retende o bem.” (1 Tessalonicenses 5:21)
Essa é quase um manifesto bíblico pela reflexão crítica. Implica que devemos ouvir, ponderar e discernir — inclusive diante de ideias divergentes — para reter o que é verdadeiro e bom.
Vivemos em uma era de excessos externos e escassez interna. Entre notificações, expectativas e urgências, nossa alma muitas vezes fica esquecida — ou pior, fragmentada. A desordem espiritual e emocional se apresenta como um ruído constante, afetando a forma como nos relacionamos com os outros, conosco mesmos e com o Divino.
As divergências também podem ser análogas ao ambiente e aos acontecimentos que não temos controle. Um planejamento que não deu certo ou não ocorreu como esperado, um acidente, expectativas frustradas em pessoas, trabalho, sonhos, etc.
Essa desordem não nasce apenas de traumas ou crises, mas também da ignorância sobre quem somos. Quando desconhecemos nossas fraquezas e não reconhecemos nossas fortalezas, reagimos às situações sem sabedoria — prisioneiros de padrões inconscientes.
“A ignorância de si mesmo conduz à arrogância ou à desesperança.” (Dizia, São Gregório Magno)
Estoicismo como parte do caminho
O estoicismo é uma filosofia prática que surgiu na Grécia Antiga e floresceu em Roma, centrada na ideia de que não podemos controlar os eventos externos, mas podemos controlar nossas reações a eles. Ele propõe que a verdadeira liberdade e paz interior vêm da aceitação do que não depende de nós e do cultivo da virtude — como coragem, sabedoria, justiça e temperança — como guia para a vida. Em vez de resistir ao mundo, o estoico busca viver em harmonia com a razão e a natureza, mantendo serenidade mesmo diante do caos.
Sêneca, filósofo romano, ensinava que o tempo é nosso bem mais precioso e que desperdiçá-lo com preocupações inúteis é uma forma de autossabotagem. Já Marco Aurélio, imperador e pensador, registrou em suas Meditações reflexões sobre a transitoriedade da vida, a importância da autodisciplina e a aceitação do destino. Ambos demonstraram que o estoicismo não é fuga da realidade, mas uma forma de enfrentá-la com lucidez e dignidade.
Como caminho alternativo para lidar com as externalidades — como crises, perdas, injustiças ou frustrações — o estoicismo oferece uma postura de firmeza interior. Em vez de reagir impulsivamente, ele convida à reflexão: “Isso está sob meu controle?” Se não estiver, o melhor é liberar. Essa abordagem ajuda a cultivar resiliência, foco e equilíbrio emocional, tornando-se uma ferramenta poderosa para quem busca viver com propósito em meio à imprevisibilidade da vida.
O estoicismo foca no domínio da razão e da ética prática — O domínio do Sistema 2 sobre o Sistema 1 — promovendo a integridade do corpo e o equilíbrio da mente.
Natureza Individual: Temperamento como Diagnóstico Interior
Como lidar da melhor maneira possível aos desafios da vida? Devemos nos conhecer para entender qual reação devemos conduzir como resposta ao nosso instinto natural.
Desde os tempos de Hipócrates, os temperamentos oferecem uma lente para compreendermos nossas predisposições emocionais. Não são caixas fechadas, mas mapas que revelam tendências.
Cada um dos 4 temperamentos possui características mapeadas que nos servem como guia para praticar e treinar a melhor maneira de reagir a elas, ou com elas.
O Padre Paulo Ricardo sempre fala de seu temperamento sanguíneo em seus vídeos ou cursos. Eu não entendia muito bem o que era, mas imaginava que poderia ser alguma das diversos modelos existentes para classificar as personalidades das pessoas, como o Big Five.
É interessante que quando iniciamos os estudos sobre os Temperamentos segundo Hipócrates, entendemos o que o conceito entende: As pessoas nascem com uma tendência natural para um determinado temperamento e que ao longo da vida, ela se desenvolve e evolui pelos meios sociais que participa, projetando-se para uma personalidade única.
Quanto mais novo se é, mais fácil será diagnosticar seu temperamento, haverá menos camadas e experiências para se analisar e portanto menor a chance de confundir as características desenvolvidas e evoluídas com aquelas que Deus te deu. Neste método, as características temperamentais foram agrupadas sobre os elementos na natureza de forma representativa:
Fogo é o elemento da ação, da inspiração e da energia vital. Representa o impulso criativo, a coragem e o entusiasmo. Pessoas com predominância de fogo tendem a ser intensas, espontâneas e apaixonadas. Elas se movem por ideais e têm facilidade em liderar e iniciar projetos. No temperamento, o fogo está ligado ao colérico, que é determinado, direto e movido por conquistas. No entanto, esse elemento também pode gerar impaciência, impulsividade e dificuldade em lidar com limites. O fogo precisa aprender a canalizar sua força com sabedoria, cultivando empatia e escuta.
Terra é o elemento da concretude, da estabilidade e da realização. Representa o senso prático, a disciplina e a conexão com o mundo físico. Pessoas com forte presença de terra são organizadas, persistentes e realistas. Elas valorizam segurança e resultados tangíveis. No temperamento, a terra se associa ao melancólico, que é profundo, analítico e perfeccionista. Em desequilíbrio, pode se tornar rígido, pessimista ou excessivamente crítico. O desafio da terra é flexibilizar, abrir-se ao novo e confiar mais no fluxo da vida.

Ar é o elemento da mente, da comunicação e da troca. Representa o pensamento lógico, a curiosidade e a sociabilidade. Pessoas com predominância de ar são versáteis, intelectuais e adaptáveis. Elas gostam de aprender, conversar e explorar ideias. No temperamento, o ar está ligado ao sanguíneo, que é extrovertido, entusiasmado e emocionalmente expressivo. Porém, o excesso de ar pode levar à dispersão, superficialidade e dificuldade de foco. O ar precisa aprender a aprofundar vínculos e sustentar compromissos com mais consistência.
Água é o elemento da emoção, da intuição e da sensibilidade. Representa o mundo interior, os sentimentos e os vínculos afetivos. Pessoas com forte presença de água são empáticas, introspectivas e conectadas ao inconsciente. Elas percebem nuances emocionais e têm grande capacidade de acolhimento. No temperamento, a água se associa ao fleumático, que é sereno, reservado e pacificador. Em desequilíbrio, pode se tornar passivo, evasivo ou emocionalmente instável. O desafio da água é equilibrar emoção com ação, e aprender a se posicionar com firmeza.
Esses elementos não atuam isoladamente — todos nós temos uma combinação única deles em nosso temperamento. Saber qual predomina (ou está ausente) pode revelar muito sobre nossos talentos, desafios e caminhos de desenvolvimento. Veja:
1️ Fleumático
Combinação de água e ar, é aquele que mescla sensibilidade com leveza. A água lhe dá profundidade emocional e capacidade de acolhimento, enquanto o ar oferece sociabilidade e flexibilidade mental. O fleumático é pacificador, discreto e observa o mundo com empatia e lógica. Evita conflitos, mas pode se perder na passividade. Seu maior desafio é transformar compreensão em ação. O fleumático é naturalmente tranquilo, ponderado e reservado. Ele valoriza estabilidade, evita confrontos e costuma ser bastante adaptável. Não gosta de se expor emocionalmente, mas pode ser um excelente ouvinte.
- Inclinações difíceis: Tende à passividade, procrastinação e conformismo. Pode evitar decisões importantes ou deixar que outros conduzam sua vida, por receio de conflitos ou mudanças.
- Relacionamentos: Oferece calma e acolhimento, mas pode parecer distante ou desconectado emocionalmente. Sua tendência à evasão de conflitos pode gerar frustrações nas relações mais intensas.
- Desenvolvimento pessoal: Precisa aprender a se posicionar com firmeza, definir metas claras e vencer a inércia emocional. Quando o fleumático encontra propósito, seu equilíbrio se torna uma força transformadora.
2️ Sanguíneo
Une fogo e ar, é puro entusiasmo. A energia vibrante do fogo se une à leveza e curiosidade do ar, criando uma personalidade espontânea, extrovertida e cativante. Ama viver intensamente, conectar-se com pessoas e experimentar o novo. No entanto, pode ser disperso ou instável. Seu caminho de evolução envolve cultivar foco, profundidade e constância nos relacionamentos e projetos. O sanguíneo é comunicativo, espontâneo e afetuoso. Vive o presente com intensidade, gosta de ambientes animados e costuma ser otimista. É fácil de fazer amizades e é movido pela emoção.
- Inclinações difíceis: Superficialidade, distração, dificuldade em manter compromissos. Pode fugir de assuntos difíceis ou deixar projetos inacabados em busca de novas emoções.
- Relacionamentos: Cativante e caloroso, mas também pode ser inconsistente ou carente. Precisa aprender a respeitar limites e desenvolver vínculos mais profundos.
- Desenvolvimento pessoal: É importante cultivar disciplina, aprofundar reflexões e exercitar o silêncio. O sanguíneo que aprende a focar transforma seu carisma em instrumento de cura e alegria genuína.
3️ Colérico
Formado por fogo e terra, é determinado e estrategista. O fogo lhe dá ousadia e impulso para conquistar, enquanto a terra confere pragmatismo e foco no resultado. Essa combinação gera líderes natos, mas que podem se tornar inflexíveis, impacientes ou dominadores. O colérico amadurecido aprende que servir é mais nobre do que controlar — e que liderança sem escuta é apenas imposição. O colérico é intenso, direto e determinado. Costuma ser ambicioso, objetivo e enérgico, com forte senso de liderança e desejo de eficiência. Para ele, tempo é ação.
- Inclinações difíceis: Impaciência, arrogância, dificuldade de aceitar vulnerabilidades. Pode atropelar emoções em nome do desempenho, e ter baixa tolerância à fragilidade alheia.
- Relacionamentos: Inspirador e motivador, mas também pode ser autoritário ou insensível às necessidades emocionais do outro. É excelente em impulsionar pessoas, desde que desenvolva empatia.
- Desenvolvimento pessoal: Precisa cultivar escuta, compaixão e vulnerabilidade. Aprender que ceder não é fraqueza, e que gentileza fortalece a liderança. O colérico amadurecido é visionário e humano.
4️ Melancólico
União de água e terra, é introspectivo e profundo. A água lhe concede sensibilidade, enquanto a terra lhe empresta ordem e consistência. É idealista, comprometido e capaz de perceber sutilezas que outros ignoram. Mas seu perfeccionismo pode se transformar em rigidez emocional ou tristeza crônica. O melancólico cresce ao aprender a celebrar o imperfeito, a confiar mais na graça do presente do que na exigência do futuro. O melancólico é analítico, sensível e introspectivo. Valorizador da beleza, da justiça e da verdade, ele tem profunda vida interior e costuma ser perfeccionista e idealista.
- Inclinações difíceis: Tendência à tristeza, auto exigência extrema, dificuldade em lidar com falhas. Pode se isolar ou carregar culpa excessiva, mesmo quando não há motivo real.
- Relacionamentos: Profundo e leal, oferece escuta e empatia. Mas pode ser facilmente ferido ou interpretar críticas como ataques. Precisa equilibrar emoção com racionalidade nas relações.
- Desenvolvimento pessoal: Aprender a celebrar conquistas, ser mais flexível consigo mesmo e cultivar esperança são chave para o melancólico. Sua profundidade é fonte de sabedoria quando canalizada com fé e leveza.
Entender o temperamento nos ajuda a identificar padrões, evitar julgamentos injustos e iniciar um caminho mais consciente de transformação. O estoicismo é uma filosofia que pode te ajudar a transitar por estas difíceis inclinações, melhorar os relacionamentos e se desenvolver pessoalmente. A sabedoria emocional nos poupa de muita dor.
Todo temperamento tem suas inclinações que podem ser vistas como qualidades e defeitos, características que assumimos impulsivamente. Haverão situações em que o impulso de um fleumático terá vantagens qualitativas em relação ao impulso de um sanguíneo, por exemplo — e isto é esperado também quando falamos de desvantagens qualitativas, ou seja, as piores reações possíveis para algumas situações. Esta relação se desenvolve entre todos os temperamentos e o bom exercício das virtudes fará com que as qualidades sejam expandidas e os defeitos encolhidos.
O bom caminho para se começar a praticar o exercício das virtudes, é justamente compreender os 2 Sistemas mentais de pensamento de Kahneman para distinguir situações que apelam para as emoções ou exigem o racional, bem como desenvolver o entendimento da filosofia do estoicismo para lidar com tudo aquilo que foge do controle. Assim habilitaremos nosso corpo como instrumento para elevar nossa intimidade espiritual com Deus.
Intimidade Espiritual: Santa Teresa d’Ávila e o Castelo Interior
Santa Teresa nos convida a entrar no próprio coração — esse “castelo de diamante” onde Deus habita. Cada morada representa uma etapa de crescimento espiritual:
1️⃣ Primeira Morada – O Despertar Espiritual
É a porta de entrada na vida espiritual. A alma começa a buscar Deus, mesmo que ainda esteja distraída e vulnerável. Luta contra o pecado, início da oração, desejo de mudança. Formam-se as virtudes a liberdade interior, humildade, desprendimento e caridade.
“A porta deste castelo é a oração.” (Santa Teresa d’Ávila)
2️⃣ Segunda Morada – Perseverança e Purificação
A alma começa a se comprometer com a vida espiritual, enfrentando tentações e distrações. Há conflito entre o mundo e a fé, necessidade de perseverança. Formam-se as virtudes da fé ativa, confiança em Deus e discernimento.
“Examinai tudo. Retende o bem.” (1 Tessalonicenses 5:21)
3️⃣ Terceira Morada – Maturidade Moral
A alma vive com mais ordem e virtude, mas ainda corre o risco de confiar demais em si mesma. Existe a prática regular da oração, vida virtuosa, mas com certa rigidez. Formam-se as virtudes da humildade profunda e reconhecimento da dependência de Deus.
“Somos servos inúteis; fizemos apenas o que devíamos fazer.” (Lucas 17:10)
4️⃣ Quarta Morada – Oração de Recolhimento
A alma começa a experimentar a presença de Deus de forma mais íntima e afetiva. Existe paz interior, a oração é mais contemplativa e dá-se início à experiências místicas. Formam-se as virtudes da confiança, gratidão e entrega.
“Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus.” (Salmos 46:10)
5️⃣ Quinta Morada – União Inicial com Deus
A alma experimenta a união com Deus na oração, com momentos de êxtase e profunda comunhão. A vida interior é intensa, existe desapego do mundo e o desejo de viver para Deus. Formam-se as virtudes de amor puro, renúncia e docilidade ao Espírito.
“Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.” (Gálatas 2:20)
6️⃣ Sexta Morada – Purificação Profunda
A alma passa por sofrimentos e provações intensas, mas também recebe grandes graças. Noite escura da alma (São João da Cruz), experiências místicas elevadas e união mais estável com Deus. Formam-se as virtudes da paciência, fortaleza e abandono total.
“Tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus.” (Romanos 8:28)
7️⃣ Sétima Morada – Matrimônio Espiritual
União plena e permanente com Deus. A alma vive em constante presença divina. A paz é absoluta, amor transformador e de vida centrada em Deus. As virtudes da caridade perfeita, humildade radical e liberdade interior exercem um estado de plenitude.
“Meu amado é meu, e eu sou dele.” (Cânticos 2:16)
Cada morada é um convite à transformação, e o progresso não é linear — depende da graça, da disposição da alma e da fidelidade ao caminho.
- Na primeira à terceira, enfrentamos nossas distrações e medos (frequentes no fleumático e melancólico)
- Na quarta, lidamos com as lutas entre razão e afeto (muito intensa no colérico)
- Na sexta e sétima, entregamo-nos à união com Deus (só acessíveis com maturidade de personalidade e temperamento integrado)
“Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.” (Mateus 5:8)
Exemplo moderno
Uma pessoa extremamente melancólica pode evitar as moradas superiores por sentir-se indigna de Deus, mesmo após anos de caminhada espiritual. O caminho sugerido por Teresa é claro: conhecer-se, aceitar-se, e permitir-se ser transformado pela Graça.
Um Convite para Reflexão
Se você chegou até aqui, parabéns — não apenas por ler, mas por se permitir pensar, sentir e talvez até se transformar um pouco.
Este conteúdo não foi escrito como manual ou resposta pronta, mas como um mapa cheio de trilhas possíveis. Cada conceito explorado — seja sobre o Sistema 1 e nossas reações impulsivas, o estoicismo como ferramenta de equilíbrio, os temperamentos que moldam nossas inclinações, ou as moradas espirituais que revelam a profundidade da alma — é um convite a olhar para dentro e seguir com coragem.
Que tal pausar por um momento e se perguntar:
- Quais padrões emocionais têm guiado minhas decisões?
- Qual morada espiritual me parece familiar?
- Tenho vivido mais no mundo externo ou no interno?
A proposta aqui é que você use esse conteúdo como espelho — não para se julgar, mas para se conhecer. Porque a verdadeira caminhada não começa com respostas… começa com perguntas sinceras e disposição para evoluir.
Que o seu caminho siga com mais leveza, mais lucidez e muito mais propósito. E que você descubra que, em meio às divergências e incertezas da vida, existe uma força silenciosa dentro de você que sabe a direção: a alma que busca Deus, a verdade e a própria plenitude.
E se essa leitura te tocou, compartilhe com alguém que também esteja buscando sentido.

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