A Ditadura do Relativismo

A Verdade é relativa?

Você já deve ter se percebido em debates onde o ponto de vista de todas as pessoas envolvidas estava sendo levado em consideração para encontrar um ou mais pontos convergentes de concordância e aceitação, como se a Verdade se importasse realmente com a opinião individual de cada um, certo?

Assim como eu, já deve ter notado também a dificuldade que muitas pessoas tem tido em se colocar em posições que poderiam gerar conflito. Por que está cada vez mais comum as pessoas se absterem de se posicionar na contramão do consenso? Por que tem sido muito mais fácil concordar com todo mundo, mesmo quando há contradições?

Veja, é claro que para quaisquer aspectos da realidade, existem pontos de vistas convergentes e divergentes, mas é importante limitarmos exatamente do que se trata: Um ponto de vista! O ponto de vista nada mais é do que uma realidade percebida por um indivíduo, dada suas capacidades intelectual e sensorial. A Verdade portanto não é algo que se percebe de forma diferente em cada indivíduo, muito pelo contrário, ela existe para ser conhecida e alcançada por aqueles que se provaram capazes e merecedores dela. A Verdade quando conquistada, não é relativa — é uma força com propósito.

Atente-se às distrações mundanas

“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores.” (Mateus 7:15)

Comecei com esta citação pois não devemos aqui projetar ideias sem as devidas referências. Essa advertência faz parte do Sermão da Montanha, onde Cristo ensina sobre discernimento espiritual e alerta para os perigos dos falsos mestres. Ele continua nos versículos seguintes dizendo que “pelos seus frutos os conhecereis”, reforçando que as ações revelam a verdadeira natureza.

Então, Jesus disse claramente que haveriam aqueles que nos confundiriam da Verdade. Mas o que é a Verdade? Veja, houveram 3 grandes revelações diretas de Deus para nós:

1️⃣ Revelação a Abraão: Deus inicia a aliança com a humanidade por meio da fé

“Em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gênesis 12:3)

2️⃣ Revelação a Moisés: Deus entrega a Lei e forma o povo de Israel como nação santa

“Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito…” (Êxodo 20)

3️⃣ Revelação em Jesus Cristo: Deus se revela plenamente na encarnação do Verbo

“O Verbo se fez carne e habitou entre nós.” (João 1:14)

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” (João 14:6)

“Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, Eu Sou.” (João 8:58)

“Eu e o Pai somos um.” (João 10:30)

“E quem me vê a mim, vê aquele que me enviou.” (João 12:45)

“Quem me vê a mim vê o Pai.” (João 14:9)

Deus, pessoalmente, por meio dos anjos e profetas, influenciou diretamente nossa história ao nos revelar parte do que é a Eternidade, principalmente o caminho que é necessário para que a alcancemos. Qualquer ideia ou opinião que divirja das revelações divinas é uma arma perigosa que só interessa ao diabo, para nos perder daquilo que o Pai sonhou para nós.

Portanto, cuidado! Se “pelos seus frutos os conhecereis”, então nunca fez tanto sentido quando Jesus nos disse:

“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.” (Mateus 26:41)

É um chamado à vigilância interior e à oração constante, para resistir às tentações e permanecer firme na fé. Não se distraia!

Nunca pare de buscar a Verdade

A única maneira de perseguir plenamente o caminho para a Eternidade, é nunca interromper a busca pela Verdade. Quando paramos de buscá-la, acabamos por endurecer nosso coração, o orgulho nos torna arrogantes e portanto cada vez mais distantes da revelação divina. Eu que fui ateu por mais da metade da minha vida, consigo explicar um pouco mais do que é este estado.

Desde muito novo, fui muito questionador. Uma sociedade como a nossa que nunca foi (e ainda não é) acostumada com pessoas que exercem esta personalidade, sempre acaba a marginalizando como dissidente do consenso social, reprimindo-a quando não se torna capaz de responder seus questionamentos. Portanto muitas das minhas dúvidas levantadas ficavam no ar, me levando a abandonar a fé para abraçar uma realidade incompleta baseada apenas no Corpo — uma vida racional incompleta.

“E o próprio Deus da paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Tessalonicenses 5:23)

Parei de questionar. A Verdade naquele momento era simples e não carecia muito de debates filosóficos ou teológicos — muito menos de vida espiritual — uma vida conduzida apenas de forma instintiva. Nunca desrespeitei os religiosos, qualquer que fosse a escolha, mas com o tempo eu me tornava cada vez mais fechado para esta realidade e me irritava profundamente quando ouvia frases como “Deus sabe o que faz”.

Por anos, quase 2 décadas, me fechei para a Verdade assumindo uma realidade cinza que felizmente, fez-se tão imponente em minha vida que provocou mudanças significativas neste campo. Não vou testemunhar agora como foi minha conversão para o retorno em Cristo, mas uma coisa posso dizer: Eu voltei a buscar pela Verdade. Um passo de humildade que me lançou novamente para um mar de informação e conhecimento que passaram a responder tudo aquilo que ninguém me respondia no passado, com toda densidade que a alma precisa. Quando eu tinha 15 anos, a internet não era como hoje e a sociedade estava começando um processo revolucionário que baratearia a informação como jamais visto na história humana. Então foi aos 35 anos de idade que eu comecei usufruir de informações de qualidade com diversos teólogos, filósofos, economistas, políticos, padres, freis, bispos, pastores, literatura e principalmente, a Palavra, os Santos e os Milagres.

Todo movimento para o mal, cria uma tendência maligna em nossos corações para continuar praticando aquilo que não é virtuoso e portanto, o pior atitude que podemos ter, é alimentar o orgulho, pois este nos levará para um caminho de solidão e afastado de Deus, nos impedindo de alcançar o arrependimento sincero, da transformação interior e da comunhão com Cristo.

“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.” (Provérbios 16:18)

Ele nos fecha para a correção, nos torna insensíveis à graça e nos leva à queda.

Da mesma forma, todo movimento pela virtude, cria uma tendência benigna, um ciclo virtuoso que começa com atos de humildade, a porta de entrada para o verdadeiro conhecimento espiritual.

“Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no Reino dos céus.” (Mateus 18:3–4)

“Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.” (Lucas 14:11)

Essas palavras mostram que a humildade não é apenas uma virtude — é uma condição para receber a revelação divina. Jesus não veio para os sábios aos próprios olhos, mas para os pequenos, os abertos, os que se esvaziam para serem preenchidos.

E não se enganem, portanto atentem-se: Não são apenas os ateus que endurecem seu coração para Deus.

A Palavra, os Santos e os Milagres

A busca pela Verdade deve começar com a Palavra de Cristo, a Bíblia Sagrada. Acompanhe a liturgia oficial da igreja e faça a leitura. Reflita sobre o que está lá, leia ou entenda a pregação de algum sacerdote e se possível, reze em cima destas palavras. Hoje é possível ouvir estas homilías em rádios, no Youtube, Spotify, pode também optar pela Missa diária em alguma igreja ou por ter acesso à Palavra por um dos inúmeros aplicativos que já organizam corretamente a leitura do dia conforme dos desígnios da Santa Igreja. Este caminho quando se torna uma prática, alimenta e transforma seu espírito. Não importa quando tempo cada um precise para começar a perceber estas mudanças, eventualmente perceberemos tudo.

Além da Palavra, estude por sua conta a vida dos Santos, nossos precursores da fé e bússolas para nossa salvação. Os Santos tiveram vidas de completa abdicação de si mesmo, atos tão sinceros de humildade que da mesma forma, também permitiram que Cristo vivesse através deles neste mundo. Através deles, somo capazes de aprender e confirmar cada vez mais sobre o caminho para a Eternidade, pois através da santidade que desenvolveram ao se configurar cada vez mais em Cristo, os foi revelado por meio de inúmeras Graças muitas outras Verdades.

Não tem como falar dos Santos e não falar dos Milagres. Alguém que foi ateu como eu sempre vai remoer algum questionamento que poderia ser pertinente, não fossem tantos os Milagres que temos à disposição para conferir, ver e pegar para crer, tal qual Santo Tomé.

Eu me entendi completamente espantado ao perceber que existem diversos corpos de Santos que já morreram, mas não estão em estado de decomposição. São os chamados corpos incorruptos. Um Milagre sem explicação racional algum e que nenhuma outra pessoa na história que não verdadeiros católicos, alcançaram: Os Santos!

“Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade.” (1 Coríntios 15:53–54)

A Igreja Católica interpreta alguns casos de corpos de santos que não se decompõem como sinais extraordinários da santidade da pessoa e é visto como uma confirmação visível da promessa de incorruptibilidade que será plenamente realizada na ressurreição final.

Exemplos famosos incluem:

• São João Bosco
• São Padre Pio
• Beato Carlo Acutis (Ainda não foi canonizado, mas será em breve)

Esses corpos permanecem preservados de forma inexplicável, mesmo após décadas ou séculos, e são venerados como sinais da graça divina.

E os Milagres Eucarísticos?

“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre. E o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne… Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.” (João 6:51–56)

Fenômenos extraordinários que envolvem a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia tem sido relatados ao longo dos séculos como sinais da fé católica. Eles geralmente ocorrem quando há dúvidas, profanações ou para fortalecer a fé dos fiéis. Exemplos famosos de milagres eucarísticos:

• Lanciano (Itália, século VIII): Um monge que duvidava da presença real de Cristo viu a hóstia se transformar em carne e o vinho em sangue. Exames científicos modernos confirmaram que a carne é tecido cardíaco humano e o sangue é do tipo AB;
• Bolsena-Orvieto (Itália, 1263): Um padre que duvidava da transubstanciação viu a hóstia sangrar durante a Missa. Esse milagre inspirou o Papa Urbano IV a instituir a festa de Corpus Christi;
• Santarém (Portugal, 1247): Uma mulher roubou uma hóstia consagrada para um ritual, mas ela começou a sangrar. O milagre foi confirmado por investigações e a relíquia é venerada até hoje;
• Siena (Itália, 1730): Hóstias consagradas foram roubadas e encontradas dias depois. Apesar do tempo, elas não se deterioraram, e permanecem intactas até hoje;
• Chirattakonam (Índia, 2001): Durante uma adoração, uma imagem semelhante ao rosto de Jesus apareceu na hóstia exposta no ostensório.

A Igreja Católica ensina que, na consagração da Missa, o pão e o vinho se tornam verdadeiramente o Corpo e o Sangue de Cristo — isso é chamado de transubstanciação. Os milagres eucarísticos não são necessários para acreditar nisso, mas são vistos como sinais extraordinários que confirmam essa verdade da fé.

Carlo Acutis, citado logo acima como um dos santos de corpo incorrupto, foi um jovem que viveu até seus 15 anos em 2006 e que teve uma vida santa, deixando como legado um trabalho impressionante catalogando diversos Milagres Eucarísticos pelo mundo. Você pode acessar por aqui.

Sem contar as aparições de Nossa Senhora, que são incontáveis. Vou citar algumas:

• Nossa Senhora de Fátima (Portugal, 1917): Apareceu a três pastorinhos em Portugal com mensagens sobre conversão, oração e alertas proféticos. Pediu a devoção ao Rosário e a consagração da Rússia ao Imaculado Coração;
• Nossa Senhora de Guadalupe (México, 1531): Surgiu ao indígena Juan Diego no México, deixando sua imagem gravada milagrosamente em sua tilma. Converteu milhões à fé cristã e é padroeira das Américas;
• Nossa Senhora Aparecida (Brasil, Aparecida do Norte, 1717): Foi “encontrada” milagrosamente nas águas do rio Paraíba do Sul por pescadores. Tornou-se símbolo nacional de fé e é hoje padroeira do Brasil.

As estigmas de Cristo são de cair o queixo. Lembro de 2 santos que foram incumbidos desta responsabilidade de dividir o fardo de Cristo, em vida. Chagas que representavam as feridas da crucificação, machucados nos pés, nas mãos e logo abaixo do peito e que se abriram sozinhos por interseção milagrosa do divino e mantiveram-se abertos por anos. Seriam São Francisco de Assis e São Padre Pio:

São Francisco de Assis (século XIII)

• Foi o primeiro santo da história a receber os estigmas visíveis;
• Em 1224, durante oração no Monte Alverne, teve uma visão de Cristo crucificado e recebeu as cinco chagas: mãos, pés e lado;
• As feridas permaneceram até sua morte em 1226, sendo consideradas um sinal de sua profunda união com Cristo.

São Padre Pio de Pietrelcina (século XX)

• Recebeu os estigmas em 20 de setembro de 1918, após uma visão mística durante a oração;
• As chagas eram visíveis e sangravam diariamente por cerca de 50 anos, causando grande sofrimento físico e espiritual;
• Médicos renomados estudaram suas feridas e as consideraram inexplicáveis pela ciência, sem sinais de infecção ou cicatrização natural;
• Ele usava luvas para esconder as feridas e fazia a própria assepsia diariamente;
• As feridas se fecharam misteriosamente no dia de sua morte, 23 de setembro de 1968, sem deixar cicatrizes visíveis — um fenômeno que até hoje intriga estudiosos e é considerado por muitos como um sinal divino de que sua missão havia sido cumprida.

Não vou descrever aqui todos os detalhes de tantos outros milagres, mas recomendo a pesquisa dessas e de tantas outras, são acontecimentos que renovam e reforçam nossa fé e o caminho pela Verdade. Não tem nada igual no mundo inteiro e em toda a história humana. São presentes, Graças divinas para nossa salvação. Negligenciar isto é recorrer ao orgulho, cuidado!

Escolher ser católico não é como escolher uma opção de prateleira

O relativismo é um lobo que se esconde em pele de cordeiro. É a alegoria perfeita para entendermos esta realidade.

O relativismo se esconde dentro de argumentos que parecem pacíficos e amorosos, pois entende-se que cada pessoa deve ter a sua fé, independente de qual seja. Como se na vida as religiões existissem para que as pessoas pudessem escolher aquela que a faz se sentir melhor. Como um chocolate na prateleira. É uma maneira completamente equivocada e que tenta afirmar para Deus que é ele quem deve se adequar à vida daquela pessoa.

Tem pessoas que estão a tanto tempo mergulhadas no relativismo que passaram a adotar a prática pagã de criar a própria Verdade, pescando o que é bom de diversas religiões, crenças, esoterismo, etc, alimentando um ponto de vista conveniente para elas.

Ora, se a Verdade para qual devemos olhar é para aquela que nos foi revelada pelo próprio Deus e provada inúmeras vezes ao longo dos séculos pelos milagres e a tradição, a visão católica não se compatibiliza com nenhuma outra religião, portanto torna-se incoerente escolher na prateleira ou montar o carrinho de compras com aquilo que é mais conveniente, pois o católico sabe e entende que é ele quem tem que se adaptar às expectativas de Deus, e não o contrário.

Deus não é um gênio da lâmpada no qual você recorre a ele para fazer pedidos!

“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos há que a encontrem.” (Mateus 7:13-14)

“Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.” (João 18:37)

Aqui, Jesus mostra que a salvação não é plural, mas exige renúncia e fidelidade — o oposto do relativismo confortável. Jesus se apresenta como testemunha da verdade, e só quem a reconhece escuta sua voz — não há espaço para múltiplas “verdades”.

Não há distração maior para o rebanho de Deus que não, um sistema de pensamento que encoraja as pessoas a debaterem e questionarem sob pontos de vida incompatíveis com a porta estreita. O que seria mais confortável, dar ouvidos ouvidos a um espírita que tudo permite nesta vida, pois na próxima você poderá ser melhor, ou, a um padre que te alerta do perigo eminente de ir para o inferno se não ouvir com seriedade a Verdade de Cristo?

São inúmeras situações das quais a sociedade quer empurrar seus ideais e sobrepor a Verdade divina. Qualquer pessoa que comece a defender a Verdade, é tratada como extremista e existe uma tentativa de desumanizar, tal qual fizeram com os mártires que sustentaram a Palavra até o último suspiro de vida.

O que as pessoas não perceberam ainda é que a relatividade da Verdade é uma característica mundana, portanto te leva para lugares que de impede de ter intimidade com Deus. Essa é a arma mais poderosa que o diabo já criou neste mundo, portanto orai e vigiai.

Um Convite para Reflexão

Se você chegou até aqui, já percebeu que a Verdade não está em múltiplas direções — ela tem um nome, um rosto e um coração aberto em sacrifício: Jesus Cristo. Mais do que uma religião, ser católico é um ato de coragem espiritual, uma entrega consciente ao plano de Deus, que nos pede conversão, não conveniência.

Essa decisão não se faz com a lógica do mundo, mas com os joelhos dobrados e o coração aberto. Não é sobre escolher algo que “faz sentido pra mim”, mas acolher aquilo que foi revelado por Quem é o próprio sentido da existência. A fé não é moldada por gostos — é lapidada pela Verdade.

Então hoje, pare. Reflita. O quanto da sua fé é adesão, e o quanto é transformação? A porta estreita continua aberta, mas poucos entram — não por falta de espaço, mas por falta de disposição. Você está disposto a entrar?